sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Fantasmas, Fantasmas, eles estão por toda a parte.




Não tenho conhecimento sobre a figura do secretário habitação e regularização fundiária da cidade de Rio Grande, sequer o vi pessoalmente. Talvez, seja este o simples fato de sua figura me destoar como a mais enigmática e duvidosa da cúpula do governo da frente popular nesta cidade. 


Em meios a tantos nomes de notório destaque em suas respectivas áreas, Gilmar Ávila apareceu de forma surpreendente, para mim, no secretariado. Digo isso por quê?


Tomei conhecimento deste cidadão em outubro do ano passado, quando o seu nome esteve ocupando os noticiários de nossa cidade confrontando o então Secretário de Habitação Roberto Dutra. A briga se deu em virtude da elaboração de duas listas de nomes de famílias que seriam beneficiadas com a moradia no novo residencial que estava sendo construído no Bairro São João. 


Dutra, defendia a sua lista, elaborada junto ao cadastro da prefeitura e Caixa econômica Federal. Por outro lado, Gilmar Ávila presidente da ONG  Movimento Nacional de Luta pela Moradia, argumentava embasado na Lei 618/201, que neste residencial somente as famílias cadastradas junto ao Movimento é que seriam as beneficiadas.
Para melhor esclarecimentos ver as matérias:



Expostos os fatos, chegamos a primeira questão:


Seria então Gilmar Ávila um qualquer brucutu que abocanhou uma vaga de secretário por ser do partidão? 


Creio que não, pelo seguinte fato. Alexandre Lindemeyer e seu partido, lutaram muito, esperaram por longos 16 anos de governo da dinastia, nas últimas eleições tiveram que derrotar 17 coligações. Além disso, em sua campanha Alexandre bateu forte em Fábio na questão habitacional, sempre demonstrando que o governo Branco investiu muito menos do que poderia em moradia popular. 


Em meio de todo este cenário bélico, nomear um coordenador de ONG  do Movimento Nacional de Luta pela Moradia , como secretário de Habitação e regularização fundiária seria uma grande sacada do governo, (#soquenão) se não fosse o fato do nome de Gilmar Ávila estar frequentemente ligado às invasões e posses de terrenos em toda a cidade.


Difícil imaginar que Alexandre Lindemeyer no alto de sua sabedoria e toda a cúpula do PT de Rio Grande, cometeriam um erro deste tamanho, nomeando para o requisitado cargo alguém o qual o passado condena, estariam dando um tiro no próprio pé. Aliás, dentro de toda a atmosfera de interesses que circulam dentro da divisão dos poderes municipais, o nome de Gilmar Ávila pode ter sido estrategicamente escolhido. Sua origem humilde, sua fala meio atrapalhada com as palavras, os vários anos de combate na luta de classes e o conhecimento adquirido na práxis de quem vem há anos encabeçando a luta por moradia popular digna, podem ter pesado muito na hora de sua escolha. 


Como já foi dito anteriormente Gilmar de Ávila nos últimos meses do ano passado ganhou as páginas dos noticiários enfrentando o então secretário de habitação Roberto Dutra num embate que colocava em cheque não só administração municipal na gestão de cadastramento do programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal, como também, a ONG de Gilmar Ávila e a sua prioridade no cadastramento. 

Gilmar Ávila no canto direito da foto: Creditos: Jornal Agora
 
Fato é, que Gilmar Ávila voltou a ser noticia nas páginas dos dois derradeiros tablóides de Big River, seja por voltar na posição em que se encontrava criticando, ou seja, por se ver na mais provável saia justa de sua vida. O atual secretário de habitação e regularização fundiária e sua ONG num passado muito próximo ficaram conhecidos por apoiarem a invasão de terrenos, e com o aval legal de advogados e vereadores, conseguir regularizar essas posses.

Gilmar uma vez questionado, pela jornalista Julieta Amaral sobre a sua história de lutas argumenta que suas invasões no passado se davam por um único objetivo, lutar por uma política habitacional para os pobres. O que de fato existe hoje em todo o Brasil, por meio do programa Minha Casa Minha Vida. 


Se o objetivo era esse? Eles conseguiram, parabéns para Gilmar e sua ONG que alcançaram seus ideais. Mas de fato o cerne da questão é bem mais aprofundado do que até agora foi exposto. 


Segunda questão


Gilmar Ávila talvez seja uma dessas figuras mutantes que só o meio político poderia ser capaz de produzir.De principal apoiador do movimento de invasões à Secretário da Habitação do Município. O Secretário mudou o seu discurso como quem muda uma roupa. Seria ele um novo fenômeno, do tipo: Ele subiu o morro sem gravata dizendo que gostava da massa, até bagulho fumou, entrou no meu barracão e lá usou lata de goiabada como prata eu logo percebi é mais um candidato para a próxima eleição??
 

Meu irmão se liga no que eu vou lhe dizer, Gilmar precisa rebolar, rebolar ...pra sair dessa sinuca de bico que foi armada pelos fantasmas, muito em virtude do próprio passado do nosso atual secretário. Como eu já disse em postagens anteriores, sou morador do Parque Marinha há 26 anos, conheço cada centímetro de rua e terra desse bairro. Moleque “do Marinha”, criado nos extintos campinhos (hoje invadidos) e asfalto, falo com propriedade de quem cresceu vendo o bairro diminuir. 


Na outra postagem, Crescimento as avessas. Desconfiança e medo no Parque Marinha, fiz uma abordagem sobre a degradação do espaço físico e geográfico do bairro. Como já disse, não só conheço o bairro, como conheço as pessoas que estão por trás dessas posses.


Em uma conversa com conhecido que pegou um terreno no campo da caixa d’água eu pergunto: E o terreno Fulano?

Resp: cara nós vamos ter que sair, já falaram, se sair um sai todos, não tem essa de nós que somos mais organizados ficar. Nós somos organizados, temos líder, advogados, temos vereador.

Quando ele falou nesta palavra mágica vereador, logo me saltou a pergunta, quem é o vereador que apóia vocês? E a resposta é...é...é... tchanananammmm!!!! 

- Kanelão, ele veio aqui e disse que era pra gente ficar aqui, que não iam tirar. O secretário também teve aqui e disse que era pra gente ficar.(Gilmar Ávila esteve visitando as ocupações e segundo relatos dos moradores, a orientação passada foi para eles permanecerem no local).
Entenderam??
 


Terceira questão
Como diria o saudoso mestre Lauro Brito Vianna, voltemos a Vaca Fria!!

Pois então, dentro disso tudo, devemos lembrar e estão noticiadas no Jornal Agora, (links no texto) o fato das invasões terem se dado no respectivo dia 21 de dezembro de 2012.

Em sua sã consciência de funcionário comissionado com um cargo de competência, que perdeu as últimas eleições e dará adeus em 10 dias, você nessa época estaria muito mais preocupado com as marcas de cervejas e espumantes que iria beber nas festas de final de ano, do que, com as invasões que estão acontecendo no Parque Marinha. Em bom direto e reto português: Foda-se que se vire o PT, isso não é mais problema meu. 


Gilberto Dutra, até então secretário de habitação do governo Fábio Branco, (como pode ser visto nas reportagens) disse que não iria tolerar as invasões, que até dia 31 ainda era o secretário de habitação e que iria remover todas estas posses. 


Não se sabe até que ponto Dutra foi coagido por seus superiores, mas, fato é que o então secretário e a gestão municipal sumiram do mapa,não apareceram mais para prestar nenhum esclarecimento, enquanto que outras áreas verdes do bairro eram invadidas por um bando de aproveitadores, arrendatários de terrenos públicos. 


Com Kanela, ou sem Kanela com Giovane e Cláudio Costa como alguns dizem que estes dois vereadores estiveram manifestando o seu apoio aos invasores, o certo é que o bairro hoje vive o seu momento mais drástico, moradores temem que a desordem se instale, e o pouco que restou de verde se converta em moeda de troca para os posseiros. 


Como foi levantado na extraordinária matéria de Eduardo Bozzetti (Gotas de Ácido e Memórias do Chico http://memoriasdochico.com/ ) as recentes invasões no Parque Marinha não começaram agora, elas são fruto de uma briga que vem se desenrolando por muito tempo nos bastidores da cena política riograndina. 

Foto: Eduardo Bozzetti



A onda de invasão que se procedeu em vários bairros da cidade:, Parque Marinha, Parque São Pedro, Cassino, Castelo Branco e Coahb IV, não se deu por acaso. Ela teve início no dia 21 de dezembro, momento em que os órgãos públicos estão todos em período de recesso, funcionando em meio turno, com seus expedientes de funcionários reduzidos. 


Impossível imaginar que no auto de sua sabedoria, Ednelsom o “João Stédile” do Parque Marinha, seria capaz de articular um movimento de grandes proporções espaciais em vários bairros da cidade. Impossível imaginar que bandeiras do PT pintadas a mão seriam colocadas como meros escudos para proteger a posse de um terreno público. 

Estamos diante de um momento muito significativo dentro da nossa história, momento este em que, os fantasmas vestindo branco estão insistindo em permanecer, seja no paço ou seja no campo. Isso me faz lembrar aquela música da Cachorro Grande: 



Tenho fantasmas na minha casa
Que nao superam suas magoas

Que nao querem ir embora
(Que nunca vao descansar)
Acham que nao era a hora
(De ir pra outro lugar)

Dizem que sao trasparentes
Que atravessam as paredes

Que nao querem ir embora
(Que nunca vao descansar)
Acham que nao era a hora
(De ir pra outro lugar)

Eles derrubam nossos copos
Nao acreditam que estao mortos


Mas isso, isso é só o que eu vejo... e eu vejo fantasmas.

3 comentários:

  1. Ótimo teu texto!!!!!

    Tens uma visão IGUAL porém mostrada de maneira DIFERENTE e ímpar a respeito dos assuntos.

    Beleza!!!

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  2. Parabéns pelo texto, Ticiano. Acho que tens que entrar no cotidiano dos blogs de RG. Teu texto é bom e tuas ideias são claras, então só falta "constância" nas postagens.

    Em breve vou fazer anunciar teu blog no Memórias pra alavancar essa audiência!

    Abração!

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  3. Ticiano, bom dia.
    Para auxiliar na questão, Gilmar Avila está no movimento de moradia desde os anos 80. Tem grande conhecimento sobre a questão de moradia e é o representante das cooperativas a nivel nacional na cidade do Rio Grande, ou seja, o projeto de "minha casa minha vida" para pessoas de baixa renda, passa pelos cadastros que ele faz. Não é só do partido.

    Um abraço.

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