Não
tenho conhecimento sobre a figura do secretário habitação e regularização
fundiária da cidade de Rio Grande, sequer o vi pessoalmente. Talvez, seja este
o simples fato de sua figura me destoar como a mais enigmática e duvidosa da
cúpula do governo da frente popular nesta cidade.
Em
meios a tantos nomes de notório destaque em suas respectivas áreas, Gilmar Ávila
apareceu de forma surpreendente, para mim, no secretariado. Digo isso por quê?
Tomei
conhecimento deste cidadão em outubro do ano passado, quando o seu nome esteve
ocupando os noticiários de nossa cidade confrontando o então Secretário de
Habitação Roberto Dutra. A briga se deu em virtude da elaboração de duas listas
de nomes de famílias que seriam beneficiadas com a moradia no novo residencial
que estava sendo construído no Bairro São João.
Dutra,
defendia a sua lista, elaborada junto ao cadastro da prefeitura e Caixa
econômica Federal. Por outro lado, Gilmar Ávila presidente da ONG Movimento Nacional de Luta pela Moradia,
argumentava embasado na Lei 618/201, que neste residencial somente as famílias cadastradas
junto ao Movimento é que seriam as beneficiadas.
Para melhor esclarecimentos
ver as matérias:
Expostos
os fatos, chegamos a primeira questão:
Seria
então Gilmar Ávila um qualquer brucutu que abocanhou uma vaga de secretário por
ser do partidão?
Creio
que não, pelo seguinte fato. Alexandre Lindemeyer e seu partido, lutaram muito,
esperaram por longos 16 anos de governo da dinastia, nas últimas eleições tiveram
que derrotar 17 coligações. Além disso, em sua campanha Alexandre bateu forte
em Fábio na questão habitacional, sempre demonstrando que o governo Branco
investiu muito menos do que poderia em moradia popular.
Em
meio de todo este cenário bélico, nomear um coordenador de ONG do Movimento Nacional de Luta pela Moradia ,
como secretário de Habitação e regularização fundiária seria uma grande sacada
do governo, (#soquenão) se não fosse
o fato do nome de Gilmar Ávila estar frequentemente ligado às invasões e posses
de terrenos em toda a cidade.
Difícil
imaginar que Alexandre Lindemeyer no alto de sua sabedoria e toda a cúpula do
PT de Rio Grande, cometeriam um erro deste tamanho, nomeando para o requisitado
cargo alguém o qual o passado condena, estariam dando um tiro no próprio pé. Aliás,
dentro de toda a atmosfera de interesses que circulam dentro da divisão dos
poderes municipais, o nome de Gilmar Ávila pode ter sido estrategicamente
escolhido. Sua origem humilde, sua fala meio atrapalhada com as palavras, os vários
anos de combate na luta de classes e o conhecimento adquirido na práxis de quem
vem há anos encabeçando a luta por moradia popular digna, podem ter pesado
muito na hora de sua escolha.
Como
já foi dito anteriormente Gilmar de Ávila nos últimos meses do ano passado
ganhou as páginas dos noticiários enfrentando o então secretário de habitação
Roberto Dutra num embate que colocava em cheque não só administração municipal
na gestão de cadastramento do programa Minha Casa Minha Vida do Governo
Federal, como também, a ONG de Gilmar Ávila e a sua prioridade no
cadastramento.
Gilmar Ávila no canto direito da foto: Creditos: Jornal Agora |
Fato
é, que Gilmar Ávila voltou a ser noticia nas páginas dos dois derradeiros
tablóides de Big River, seja por voltar na posição em que se encontrava
criticando, ou seja, por se ver na mais provável saia justa de sua vida. O
atual secretário de habitação e regularização fundiária e sua ONG num passado muito
próximo ficaram conhecidos por apoiarem a invasão de terrenos, e com o aval
legal de advogados e vereadores, conseguir regularizar essas posses.
Gilmar uma vez questionado, pela jornalista Julieta Amaral sobre a sua história de lutas
argumenta que suas invasões no passado se davam por um único objetivo, lutar
por uma política habitacional para os pobres. O que de fato existe hoje em todo
o Brasil, por meio do programa Minha Casa Minha Vida.
Se o
objetivo era esse? Eles conseguiram, parabéns para Gilmar e sua ONG que
alcançaram seus ideais. Mas de fato o cerne da questão é bem mais aprofundado
do que até agora foi exposto.
Segunda questão
Gilmar Ávila talvez seja uma dessas figuras mutantes que só o meio político poderia
ser capaz de produzir.De principal apoiador do movimento de invasões à Secretário
da Habitação do Município. O Secretário mudou o seu discurso como
quem muda uma roupa. Seria ele um novo fenômeno, do tipo: Ele subiu o morro sem gravata dizendo que gostava da massa, até bagulho
fumou, entrou no meu barracão e lá usou lata de goiabada como prata eu logo
percebi é mais um candidato para a próxima eleição??
Meu irmão se liga no que eu vou lhe
dizer, Gilmar precisa rebolar,
rebolar ...pra sair dessa sinuca de bico que foi armada pelos fantasmas,
muito em virtude do próprio passado do nosso atual secretário. Como eu já disse
em postagens anteriores, sou morador do Parque Marinha há 26 anos, conheço cada
centímetro de rua e terra desse bairro. Moleque “do Marinha”, criado nos
extintos campinhos (hoje invadidos) e asfalto, falo com propriedade de quem
cresceu vendo o bairro diminuir.
Na
outra postagem, Crescimento as avessas. Desconfiança e medo no Parque Marinha,
fiz uma abordagem sobre a degradação do espaço físico e geográfico do bairro.
Como já disse, não só conheço o bairro, como conheço as pessoas que estão por trás
dessas posses.
Em uma conversa com conhecido que pegou um
terreno no campo da caixa d’água eu pergunto: E o terreno Fulano?
Resp:
cara nós vamos ter que sair, já falaram, se sair um sai todos, não tem essa de
nós que somos mais organizados ficar. Nós somos organizados, temos líder,
advogados, temos vereador.
Quando
ele falou nesta palavra mágica vereador, logo me saltou a pergunta, quem é o
vereador que apóia vocês? E a resposta é...é...é... tchanananammmm!!!!
-
Kanelão, ele veio aqui e disse que era pra gente ficar aqui, que não iam tirar.
O secretário também teve aqui e disse que era pra gente ficar.(Gilmar Ávila esteve visitando as ocupações e segundo relatos dos moradores, a orientação passada foi para eles permanecerem no local).
Entenderam??
Entenderam??
Terceira questão
Como
diria o saudoso mestre Lauro Brito Vianna, voltemos a Vaca Fria!!
Pois
então, dentro disso tudo, devemos lembrar e estão noticiadas no Jornal Agora,
(links no texto) o fato das invasões terem se dado no respectivo dia
21 de dezembro de 2012.
Em
sua sã consciência de funcionário comissionado com um cargo de competência, que
perdeu as últimas eleições e dará adeus em 10 dias, você nessa época estaria muito mais
preocupado com as marcas de cervejas e espumantes que iria beber nas festas de
final de ano, do que, com as invasões que estão acontecendo no Parque Marinha.
Em bom direto e reto português: Foda-se que se vire o PT, isso não é mais
problema meu.
Gilberto
Dutra, até então secretário de habitação do governo Fábio Branco, (como pode
ser visto nas reportagens) disse que não iria tolerar as invasões, que até dia
31 ainda era o secretário de habitação e que iria remover todas estas posses.
Não
se sabe até que ponto Dutra foi coagido por seus superiores, mas, fato é que o
então secretário e a gestão municipal sumiram do mapa,não apareceram mais para
prestar nenhum esclarecimento, enquanto que outras áreas verdes do bairro eram
invadidas por um bando de aproveitadores, arrendatários de terrenos públicos.
Com
Kanela, ou sem Kanela com Giovane e Cláudio Costa como alguns dizem que estes
dois vereadores estiveram manifestando o seu apoio aos invasores, o certo é que
o bairro hoje vive o seu momento mais drástico, moradores temem que a desordem
se instale, e o pouco que restou de verde se converta em moeda de troca para os
posseiros.
Como
foi levantado na extraordinária matéria de Eduardo Bozzetti (Gotas de Ácido e Memórias do Chico http://memoriasdochico.com/ ) as
recentes invasões no Parque Marinha não começaram agora, elas são fruto de uma
briga que vem se desenrolando por muito tempo nos bastidores da cena política
riograndina.
Foto: Eduardo Bozzetti
A
onda de invasão que se procedeu em vários bairros da cidade:, Parque Marinha,
Parque São Pedro, Cassino, Castelo Branco e Coahb IV, não se deu por acaso. Ela
teve início no dia 21 de dezembro, momento em que os órgãos públicos estão
todos em período de recesso, funcionando em meio turno, com seus expedientes de
funcionários reduzidos.
Impossível
imaginar que no auto de sua sabedoria, Ednelsom o “João Stédile” do Parque
Marinha, seria capaz de articular um movimento de grandes proporções espaciais
em vários bairros da cidade. Impossível imaginar que bandeiras do PT pintadas a
mão seriam colocadas como meros escudos para proteger a posse de um terreno
público.
Estamos
diante de um momento muito significativo dentro da nossa história, momento este
em que, os fantasmas vestindo branco estão insistindo em permanecer, seja no
paço ou seja no campo. Isso me faz lembrar aquela música da Cachorro Grande:
Tenho
fantasmas na minha casa
Que nao superam suas magoas
Que nao querem ir embora
(Que nunca vao descansar)
Acham que nao era a hora
(De ir pra outro lugar)
Dizem que sao trasparentes
Que atravessam as paredes
Que nao querem ir embora
(Que nunca vao descansar)
Acham que nao era a hora
(De ir pra outro lugar)
Eles derrubam nossos copos
Nao acreditam que estao mortos
Que nao superam suas magoas
Que nao querem ir embora
(Que nunca vao descansar)
Acham que nao era a hora
(De ir pra outro lugar)
Dizem que sao trasparentes
Que atravessam as paredes
Que nao querem ir embora
(Que nunca vao descansar)
Acham que nao era a hora
(De ir pra outro lugar)
Eles derrubam nossos copos
Nao acreditam que estao mortos
Mas
isso, isso é só o que eu vejo... e eu vejo fantasmas.
Ótimo teu texto!!!!!
ResponderExcluirTens uma visão IGUAL porém mostrada de maneira DIFERENTE e ímpar a respeito dos assuntos.
Beleza!!!
Parabéns pelo texto, Ticiano. Acho que tens que entrar no cotidiano dos blogs de RG. Teu texto é bom e tuas ideias são claras, então só falta "constância" nas postagens.
ResponderExcluirEm breve vou fazer anunciar teu blog no Memórias pra alavancar essa audiência!
Abração!
Ticiano, bom dia.
ResponderExcluirPara auxiliar na questão, Gilmar Avila está no movimento de moradia desde os anos 80. Tem grande conhecimento sobre a questão de moradia e é o representante das cooperativas a nivel nacional na cidade do Rio Grande, ou seja, o projeto de "minha casa minha vida" para pessoas de baixa renda, passa pelos cadastros que ele faz. Não é só do partido.
Um abraço.