Marcelo, Maurício, Lauro Vianna, Ticiano, Felipe Lima e Deivid. |
Domingo
dia 03/11/2013 estava eu visitando a Feira do Livro de Pelotas. As opções de
compra não eram nada atrativas, entre romances, livros infantis e biografias
recorri ao que julgo sempre o mais atrativo de qualquer feira de livros, os balaios
de um Sebo.
Enquanto
me distraía olhando as capas, esperava que os balaios fossem desocupados, para
que eu pudesse então garimpar o livro que procurava. Sem paciência pra ficar
olhando livro por livro recorri ao dono da banca:
- Tens aí Boris Fausto, História do Brasil?
- Esse eu não tenho, mas tenho outro aqui...
Hélio Vianna, História do Brasil.
Logo pedi
pra ver, o nome desse autor não me era estranho. Quando peguei o livro pra ver,
tratava-se de um calhamaço de 672 páginas em ótimo estado de conservação. Em
meio ao barulho da banca, não consegui entender muito bem o que o vendedor me
disse, apenas captei a seguinte frase: “Esse
livro era do professor...”
E para a
minha surpresa, quando abri a primeira página encontrei uma assinatura como o
seguinte nome: Lauro B. Vianna, 1979. Na
página seguinte, um carimbo com o nome completo, data e local.
Obviamente
fiquei emocionado e comecei a folhear o livro. As páginas continham muitas
anotações a lápis, com aquela letrinha miúda cursiva, característica do grande
mestre. Não hesitei, nem sequer pensei se era o livro que eu procurava ou não,
saquei a grana do bolso, paguei o livreiro e antes de sair ainda perguntei: Tu tens mais algum livro deste professor?
E ele me disse que não, que havia recebido alguns, mas já tinham sido vendidos.
A emoção
logo se mistura com a lembrança. Eu estava com um livro que pertenceu ao
professor Lauro de Brito Vianna, o maior nome do curso de História da FURG, um
verdadeiro mito, que eu tive o prazer de conhecer, ser aluno, aprender e
conversar muito durante dois anos.
Mas a
emoção de ter uma lembrança do grande mestre aqui comigo, ao mesmo tempo expõe o
triste destino que seus familiares deram a grande biblioteca do professor. Quem
conheceu e foi aluno de Lauro Vianna, sabe o quanto ele era cuidadoso com os
seus livros, fichamentos, textos e apostilas. Encontrar um livro raro que
pertenceu ao professor sendo vendido, por um preço de 15 reais, em um balaio de
sebo na Feira do Livro da cidade vizinha é um fato minimamente curioso.
Tão
curioso que eu passei a semana inteira pensando em escrever algo sobre esse
acontecimento. Mais curioso ainda, foi o fato que os colegas Chico Cougo e
Felipe Nóbrega republicaram e escreveram textos sobre o professor Lauro a
partir de um comentário interessantíssimo feito pelo leitor Sylvio de Alencar.
Sabe
aquelas histórias que a vida vai cruzando e tu ficas tentando entender como? É mais
ou menos assim. Em agosto do ano passado, Sylvio de Alencar escreveu um
comentário no meu blog, justamente no texto que eu havia escrito em homenagemao professor Lauro. Dizia Sylvio, que bateu uma vontade de procurar por um
amigo de escola e digitou o nome no Google e encontrou três textos de três
blogleiros falando sobre o professor Lauro.
O
comentário feito nos três textos é praticamente o mesmo, mas trás muitos
detalhes da infância vivida pelos amigos em um colégio interno de Campinas,
mostrando já, claramente a inclinação e a vocação para contar, criar e narrar
histórias do professor Lauro de Brito Vianna.
Fico
muito feliz que estejamos nós aqui, neste domingo de chuva em Rio Grande,
relembrando através de posts e
comentários, momentos tão bons de nossas vidas, vividos nos corredores e salas
de aula do pavilhão 4 e no Centro de Convivência.
Lauro de
Brito Vianna é uma lenda que está entre nós.
Bah Ticiano, me caíram os butias do bolso agora. O Lauro é pai do meu primo, e eu ajudei a arrumar a biblioteca dele após o falecimento. Muitos livros estão comigo, ou outros familiares, tendo sido o resto doado. Inicialmente, entramos em contato com a biblioteca da FURG, que se recusou a receber qualquer livro publicado antes dos anos 2000, descartando o que seria a maior parte do acervo. No fim das contas, a doação foi feita para a Biblio, Riograndense. Vou até entrar em contato com eles, para ver se algo foi revendido.
ResponderExcluirTiciano, 10 esse post!
ResponderExcluirAprecio demais quem sabe colocar sentimentos em palavras, indica pessoas em contato consigo mesmas, que têm a tendência de lidar bem com coisas e pessoas. A gratidão que permeia seu texto também indica um bom caráter, e um bom coração.
Vida longa para você, meu chapa!
Abração!
(Perguntei sobre o Lauro a um sr que fez Engenharia Mecânica na UFRGS, ele disse que não conheceu e foi pesquisar no Google;daí apareceu seu blog, seu post, e o meu nome... Eita mundo pequeno esse da internet! Para a gente pegar um processo nas costas, é dois minutos!! Rsrs!)
Ahhhhh me emocionei agora, lendo tudo isso!!!
ResponderExcluirLauro foi meu grande mestre, orientador e padrinho de casamento.
Muita saudade e gratidão me tomam por ter conhecido esse ser único, além do professor de História!!!!
Abraço e obrigada por me colocar diante dele de novo pela letra de suas anotações.
Leane, tem fotos dele? Seria bem legal!!
ExcluirTenho um perfil no Face: Sylvio de Alencar.
Abraço!