terça-feira, 12 de março de 2013

Sobre Funk, música Chorão e outras coisas I



Sempre fui um admirador de música, independente do estilo, gênero, número ou grau, música pra mim é sentimento, independente do rótulo que carregam, na minha concepção elas sempre tem alguma coisa de bom para nos transmitir.
Existe música feita para chorar lembrando momentos da nossa vida que não voltam mais, música para relaxar, música para soltar e emanar as coisas ruins, música para sociabilizar, música para brincar, sorrir, ser criança, música para balada e música para se divertir. Neste ponto, considero aqui tudo aquilo que te faz feliz, instantaneamente, por horas, dias ou até mesmo sempre. 
Sendo assim, nunca consegui me posicionar de forma crítica ortodoxa aos estilos e gêneros musicais (exceto em uma pequena fase da minha vida que o pagode corroeu a minha mente). Mas graças a eu mesmo, consegui superar esse período obscuro de minha singela vida. Não que eu não goste mais de pagode, ainda gosto, mas digo triste, pelo fato de minha ignorância ser tamanha ao ponto de me fechar num pequeno universo musical e achar que aquilo simplesmente me bastava e não era preciso ouvir mais nada. (isso é uma merda). 
Mas enfim, isso aqui não é confissões de um ex-pagodeiro, abrindo o seu baú musical perto dos 28. Como eu disse anteriormente, música é arte, é sentimento, é criação humana e como tal, deve ser respeitado sim, independente do seu estilo. Antes de tachar um “merda, lixo”, é preciso saber que por trás de toda aquela produção existe um público destinado, uma cultura a qual abraça e consome aqueles produtos. 
Agora toda e qualquer opinião crítico destruidora que partir de pessoas que não são as consumidoras desses produtos torna-se meramente juízo de valor embasado no que tu consideras como certo/errado, bom ou ruim. 
Então, este texto se propõe a falar de música a partir de um juízo de valor meu, embasado nos próprios conceitos, preceitos, sujeitos e predicados. A morte do Chorão na semana passada, causou uma imensa comoção em todo o país, particularmente fiquei muito sentido, não era um fã de carteirinha, mas cresci ouvindo Charlie Brown Jr, desde o primeiro disco lá em 1997, o Transpiração contínua e prolongada, essa banda indiretamente fez parte de momentos da minha vida. Era e é, praticamente impossível, tu passar um dia inteiro escutando rádio e não ouvir uma música desses caras.


Enfim, a partida desse músico comoveu e o assunto dominou as redes sociais por dias. Só que, uma coisa me chamou atenção e me fez pensar sobre o andar da carruagem musical dessa juventude. 
Como professor de história, lido cotidianamente com adolescentes, crianças e adultos no meio escolar. Sendo assim sempre procuro me inteirar, sobre o que essa gurizadinha anda ouvindo, curtindo e consumindo no seu dia a dia. 
O tempo passa para todos, e a merda de ontem não é mais a mesma merda de hoje, mas o que me causa espanto é justamente o avanço de alguns hábitos os quais em minha infância/adolescência nós sequer imaginávamos existir. 
Nascido em meio a década de 1980, cresci ouvindo música em vinil, vendo os clipes dos artistas no fantástico (quando passava), a única forma de saber o que os nossos artistas preferidos estavam usando, vestindo e fazendo era através de revistas e capas de discos. 
No final da década de 1990 chegaram as Tv’s a cabo e com elas, um canal mágico chamado MTV, que rodava quase 24 horas clipes dos mais diversos artistas.  Isso, acreditem, foi uma revolução para aquela geração de adolescentes. Mudou todos os hábitos daquela gurizada, roupas, comportamentos, novos produtos a serem consumidos e também, novos ídolos. 


Chegamos aos anos 2000, já estamos na segunda década dele eu acho, e muita coisa mudou por aqui, desde o primeiro dia em que fiquei extasiado na frente de uma TV assistindo clipes. Vivemos os tempos líquidos de Zygmount Bauman, a fluidez está nas relações humanas, está no cotidiano, está no amor, está no valor a qual destinamos a produtos descartáveis, a forma como tratamos e colocamos os animais no mesmo patamar dos humanos, está na valorização da estética, quase um retrocesso a Grécia antiga onde o corpo belo escultural e saudável era primordial para uma cidadania. 
Estes tempos liquefeitos nos trazem também uma obviedade, de indivíduos onde quase todos são previsíveis e superficiais. O mundo posto a nossa volta é uma forma onde nós simplesmente escolhemos onde e como vamos querer ser moldados.
Mas o que isso tem a ver com música? Tem tudo a ver. (pelo menos eu acho). 
Continua....






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