Rio Grande e Pelotas são
duas cidades co-irmãs, os 60 km que separam as duas urbes, ao longo dos anos
tornaram-se cada vez “menores”, em virtude da ocupação da paisagem e dos
melhoramentos da estrada. O tempo dispensado ao deslocamento de quem vai/vem
todo o dia deixou de ser uma viajem, se é que chegou a ser algum dia.
No entanto, por mais que
historicamente essas duas cidades possam ter semelhanças nos seus perfis sócio
econômicos ou, o que quer que seja, elas não são nada parecidas.
Tenho uma relação muito
próxima com Pelotas, nos últimos 4 anos tenho vivido mais na terra de Eduardo Milk do que na minha querida e
provinciana Big River. Este fato, fez com que eu pudesse ter um conhecimento
maior dessa cidade, conhecer alguns bares, restaurantes, confeitarias,
comércios, vida noturna, programação cultural e, é claro, observar o estilo de vida pelotense, sempre me
perguntando, no que eles diferem de nós?
Não que Pelotas seja uma
cidade maravilhosa, até acho que não, mas ela se torna interessante no dia a
dia exatamente pela diversidade de opções que possibilita para seus habitantes.
Independente da sua classe social, estilo de vida, gosto musical ou tipo de
diversão preferida, tu podes ter uma certeza, existirá no mínimo uma atração
que atende aos teus gostos.
Lembro-me das manhãs
frias de setembro de 2009. Naquela ocasião eu fazia umas cadeiras do mestrado
de Ciências Sociais no ICH, que fica localizado na região do Porto de Pelotas.
Enquanto eu me deslocava a pé para as aulas, eu ficava a observar a quantidade
de cartazes colados nos muros, postes e esquinas. Isso me chamava muito
atenção, pois ali ficava evidente, a existência de uma vida cultural pulsante. Com
o passar do tempo e minha presença cada vez mais diária nesta cidade, a simples
percepção se transformou em uma certeza.
Se olharmos para o
universo cultural artístico de Rio Grande o que se percebe é um profundo e
deprimente cenário dominado por meia dúzia de empresários da noite. Digo isso
pelo seguinte fato: A cidade não possui um local com infra estrutura adequada
para shows de médio e grande porte nacional. Alguns poderiam aqui gritar e me
criticar dizendo, a SAC, o Eventual, o centro de Eventos, enfim, eu prefiro nem
comentar, é o que se tem mesmo.
Se tratando de boa
estrutura para shows, com confortáveis acomodações e uma excelente acústica eu
prefiro ficar com a ideia de que o mais próximo do ideal seria o CIDEC da FURG,
mas, exatamente por ser um espaço dentro da universidade, a coisa se torna mais
complicada.
Ah!! Mas péra aí Ticiano,
tem as boates de Rio Grande, algumas duas são bem grandes. Sim, tem as boates,
mas a qual público e estilo musical elas se destinam?
Já foi o tempo em que
assistia-se a shows como Engenheiros do Hawai, Nenhum de Nós, Papas da Língua,
Ponto de equilíbrio entre outras inúmeras atrações, nos finados República e San
Patrick.
Mas enfim, o grande
questionamento, acaba não ficando com relação ao local dos shows,
particularmente me importaria mais em ter a possibilidade de assisti-los aqui
na cidade, do que onde iriam acontecer.
Todavia, isso é só um
devaneio, apenas uma reflexão sobre quanto o dito progresso econômico da
cidade, resultou com um paralelo declínio de opções de entretenimento. E não
estou aqui tentando puxar a brasa para o assado do lado mais Cult da sociedade.
Refiro-me também aos
pagodeiros (o qual eu me incluía), que nos anos 1990 e 2000 tinham os falidos
clubes Esporte Clube União Fabril e a Sociedade Cultural Águia Branca, como
ponto de encontro, para assistir shows regionais e nacionais. Até mesmo o
Centro de Eventos recebia constantemente grandes shows dos grupos de samba e pagode
nacional. E hoje em dia o que tem mesmo, onde acontecem esses shows?
Poderia aqui ficar
elencando inúmeras hipóteses para o declínio de opções artístico/culturais na
terrinha, mas o que se sobressaí nisso tudo é justamente quando elevamos Rio
Grande à comparação com a sua vizinha cidade de Pelotas. As diversas opções de
bares, boates, restaurantes, e shows que esta cidade oferece, causa uma
inquietação do tipo: Por que não existe
um lugar destes em na minha cidade, ou por que estes shows não chegam aqui?
Para se ter uma ideia
melhor do que estou falando vamos tomar por exemplo os últimos dois meses de
programação artístico cultural na cidade de Pelotas. Neste período, ela recebe
(u) uma programação de shows com os artistas do porte de: Revelação, Alcione,
Mart’nália, Esteban Tavares, Zoso (banda americana cover do Led Zeppelin), O
Teatro Mágico, Ana Carolina, Lulu Santos, SPC, Sambô, Almir Sater e Vitor
Ramil. Aqui mencionei os shows mais divulgados, devemos levar em conta também o
fato de que existe um outro universo paralelo aos grandes shows que é das casas
noturnas e bares o qual volta e meia
costumam brindar o seu público com atrações regionais e nacionais.
Na semana em que a cidade
de Pelotas se prepara para receber os shows do Teatro Mágico na Sexta
07/06/2013 e Lulu Santos no sábado 08/07/2013, Rio grande nos possibilita
justamente a oportunidade de assistir o que mesmo?
Em contrapartida podemos
bater no peito e nos orgulhar, estamos no circuito dos shows nacionais de funk.
Só para se ter uma ideia no verão passado recebemos em nossas boates a Mulher
filé, O Mc Bola, o Mc Ricardo, Mc Bionce e agora estamos aguardando
ansiosamente o Bonde das Maravilhas, que chega em Rio Grande no dia 23/06/2013
no União Eventos (antigo União Fabril).
Fazer o que né?
Chupa Pelotas!!!
Não sei se lembras, mas comentei isso por alto no Facebook no início do ano, me referindo aos improvisos de Rio Grande... Quero dizer que nem o centro de eventos é descente o suficiente pra receber esse tipo de show.
ResponderExcluirFalta no Papareia, VONTADE Ticiano, vontade, simples assim... Pelotas é e sempre foi referência em cultura e entretenimento no interior do estado, perdendo talvez pra Caxias do Sul. E depois vem POA, mas daí né...
Mas é brabo... eu morando em POA à três anos, aproveito pouco o que vem à capital, ou por que tenho dinheiro e não tenho tempo, ou por que tenho tempo e não tenho dinheiro,mas sempre que posso o faço. Nesses quase quatro meses que passei aí no verão passado quase surtei, pois com tempo e dinheiro á disposição, não acontecia nada que prestasse.
É amigo velho, falta vontade ao Papareia... Essa cidade não vai pra frente nunca...
Obrigado pela leitura Rodrigo.
ExcluirClaro que lembro sim do teu texto sobre o cenário cultural de Rio Grande, em pleno verão. Velhos nós estamos literalmente fudidos.
Valeu.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaro Ticiano,
ResponderExcluirFica aqui minha parabenização pelo excelente texto principalmente pelo tema que é interessantíssimo.
Contribuindo com a ideia geral do texto, me pergunto se o riograndino estaria disposto a receber esta carga cultural. Se esta apatia já não esta no DNA do povo e por isto à não existência motivação de buscar/gerar cultura. Penso que este é apenas o desejo de poucos interessados em cultura nesta cidade. Percebe-se em grandes cidades que as pessoas curtem a cultura e procuram por ela. Os artistas tem motivação de se apresentarem por que são recompensados e apreciados por isso. Qualquer apresentação de um artista de rua e bem vista e aplaudida. Já vi muito em minha vida nesta cidade, pessoas debocharem e ficarem fazendo piadas de uma pessoa que está se apresentando e tentando fazer algo diferente e, que muitas vezes é de excelente qualidade, mas pela a ignorância cultural do povo é diminuída, pois não sabem apreciar e curtir. E é por este DNA de ignorância que continuamos apenas escutando pagode e Funk na noite, é por isto que não temos um concerto de uma banda instrumental qualquer ou uma peça no nosso teatro, e é por isto que não temos artistas que prestem ou que venham pra esta cidades trazer algo interessante. Não sei sinceramente se esta "cultura" aconteceria em RG. Não vamos longe: uma cidade que é o berço do estado a primeira do mesmo e não tem um museu sequer descente pra contar esta historia; uma cidade que possui prédios históricos esquecidos atrás de letreiros de lojas; não da pra esperar muita coisa cultural mesmo né...
Fagundes.
Infelizmente não é só na cultura que estamos atrás de Pelotas.
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