quinta-feira, 19 de novembro de 2015

E você, serve a quem?

Qual é o papel da mídia?
Informar?
Opinar?
Educar?
Informar opinando? Informar educando? Ou Informar opinando com forte teor ideológico?

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Sinceramente, eu não sei. E talvez seja exatamente por isso que eu tenho estado tão ausente desta página. Em épocas de informações instantâneas, e de formadores de opinião em cada perfil, questiono o fato e a necessidade de escrever opinando. Já que para  informar existem os jornais.
Para o que se escreve?
Para quem se escreve?

O que eu espero que as pessoas sintam quando lerem o meu texto?
Quem é o público que eu quero atingir com os meus escritos?
Vale a pena expor meus sentimentos?
Não seriam as minhas opiniões carregadas de sentimentos e ideologias?
Não estou sendo puramente informativo quando escrevo?
Vale a pena discutir pela internet?

Estou conseguindo contribuir para um mundo melhor com as minhas ideias?
Seriam as minhas ideias favoráveis à construção de um mundo melhor?
Será que esse mundo melhor não é puramente uma projeção/reflexão do que eu imagino ser o melhor para mim?

opinião 

Quem se importa com o que eu penso?
Quem lê o que eu escrevo?
Conseguirei mudar o mundo através do meu teclado? É óbvio que não.
Então, pra que escrever?
Sinceramente, eu não sei.

O cantor, poeta e escritor pelotense Vitor Ramil tem uma música que se chama "Um dia você vai servir a alguém". Nela são apresentadas, de forma quase sempre comparativa, duas pessoas/profissões antagônicas, mostrando a relação de dependência existente entre as duas figuras.
Pois então, escrever também é um ato de servir a alguém.

O seu material pode servir de combustível pra inflamar massas de revoltosos que podem se manifestar via internet ou até mesmo encabeçar um movimento social.
O seu escrito pode ser utilizado como uma forma de racionalizar algum sentimento pendente na sociedade. Ou pode simplesmente ser apropriado por algum espertinho, que troca o seu nome e saí publicando em várias páginas por aí.

O seu escrito pode servir a algum grupo político (partido) que faz oposição ao governo. O seu escrito pode servir como sustentação de argumentos e ideologias para quem está no poder.
A História tem deixado esse assunto cada vez mais claro, seja ele no Renascimento, no Iluminismo, nas Revoluções Burguesas ou no belicoso século XX. Os escritos sempre foram apropriados e utilizados para movimentar questões políticas.

Aristóteles, há III séculos antes de Cristo, já dizia uma coisa mais ou menos assim: "O homem é um animal político". Sendo, então, nós animais políticos, somos dotados de opinião, sabemos nos posicionar de um lado ou de outro. Mesmo que não tenhamos certeza plena do fato, conseguimos estabelecer parâmetros que nos colocam a favor ou contra.

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Sendo assim, não acredito em imparcialidade, não acredito em isenção, não acredito em informação pura. Todas elas veem carregadas de subjetividade, de ideias e pensamentos, que compõem o escritor, por mais que isso esteja seriamente restrito a uma linha editorial.

Não existe certeza, não existe imparcialidade, não existem escritos sem argumentos, não existem argumentos sem posicionamentos, não existem posicionamentos sem ideologias, não existem ideologias sem interesses políticos, econômicos e religiosos.

Você um dia vai servir a alguém!

https://www.youtube.com/watch?v=npK8Ylahjeo

Texto publicado no site tucotuco em: 03/08/2014

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