O Filósofo francês Pierre Lévy, um dos maiores especialistas do mundo na cultura virtual |
Enquanto
me deparo com a página branca do programa Word, recordo do que tenho
lido. Pierre Lévy, é um autor francês que atua na área da educação,
comunicação, história, ciências sociais, filosofia, entre outras. É
difícil enquadrá-lo dentro de uma caixinha do saber ou em estante da
livraria. Suas pesquisas transitam entre muitas as esferas do
conhecimento.
Em As Tecnologias da Inteligência, livro escrito no início dos anos 1990, Lévy apresenta o conceito de hipertexto[1],
assim como faz um histórico de toda a evolução da tecnologia digital e,
de alguma forma, “profetiza” o que mais tarde nós vivenciaríamos em
nosso dia- a- dia.
Precisando
escrever algo sobre mídia, comunicação, pensei justamente em
apropriar-me melhor dos conceitos de Lévy, mas percebi que este livro
está um pouco defasado com relação às tecnologias da informação. De
certa forma, todos nós, mesmo não tendo nascido nos anos 2000,
tornamo-nos (por obrigação ou curiosidade) um pouco “nativos digitais”.
E
isso me faz pensar nas possibilidades existentes e também na fluidez do
mundo contemporâneo. Enquanto uma obra da literatura, história,
sociologia, entre outras da área das humanas demora anos, décadas, para
ser descoberta, lida e virar uma referência no assunto, qualquer outro
texto que verse sobre tecnologias desaparece e se torna ultrapassado na
mesma velocidade em que se produz outro.
Quando
falo em possibilidades, me refiro ao universo virtual o qual estamos
inseridos, nas possibilidades de buscar o que quisermos com apenas um
clique. Não tenho dúvidas de que a conjuntura vivenciada é um momento
histórico, de profundas modificações em todas as atividades humanas.
Você ainda tem dúvidas disso?
Quanto tempo você fica conectado a sua rede social por dia? Quantos dias você fica sem acessar o seu e-mail?
Dentro
disso, relações sociais são modificadas, novos comportamentos são
criados e sujeitos estabelecem novos padrões de comportamento frente a
uma sociedade que se apresenta mais acessível, mesmo tendo as suas
limitações.
A
televisão ainda continua sendo o maior meio de informação, o rádio
também cumpre um papel crucial, mas, cada vez mais, ambos caminham para
uma grande revista de variedades fúteis.
Engana-se
quem acredita que a TV é democrática e que com o seu poderoso controle
remoto é capaz de controlar os múltiplos canais que lhe custam ao final
de cada mês uma boa e pesada parcela do salário. Digo isso,
simplesmente, pelo fato de que nós somos, sim, enganados por esta
inverdade do livre arbítrio do controle remoto. Nós escolhemos o que
vamos ver, mas a escolha se dá dentro de uma opção que nos é dada, a
partir de uma disposição do que podemos e estamos dispostos a
desembolsar na mensalidade.
Isso
não acontece quando nos sentamos na frente de um computador. Basta ter
uma conexão à internet para que o sujeito comece a acessar o que ele
deseja. Neste espaço/mundo virtual, as pessoas não estão obrigadas a “engolirem”
um conteúdo, ao contrário, a própria ideia de navegador, de endereços, é
o fator mais democrático e turístico que eu conheço. Basta digitar o
site, ou chegar nele por meio de hiperlinks, para que o indivíduo se transforme em um verdadeiro navegador do mundo virtual.
Espaços
antes impossibilitados, lugares talvez nunca visitados, materiais
inacessíveis, tudo isso e muito mais, foi possibilitado pela rede
mundial de computadores. E é esse acesso democrático à informação que
deve ser valorizado e priorizado por todos nós.
Hoje
em dia, as grandes corporações de jornais, revistas e televisão
encontram dificuldades em lidar com uma nova forma de mídia que surgiu
com o advento da internet. A mídia alternativa, independente, gratuita,
cada vez mais conquista o seu espaço no grande público, fazendo uso
justamente de programas e softwares livres para atingir os seus
objetivos, a propagação. Essa talvez seja a maior vitória de todo esse
processo, o acesso a informação gratuita e de livre escolha. A
informação que se transforma em mecanismos lúdicos, de estudos,
pesquisas, debates, lutas e transformações sociais.
O Tuco tuco nasce justamente engajado neste movimento da democratização da mídia, da propagação de informações ao livre acesso de todos.
A iniciativa de juntar cinco blogueiros da cidade de Rio Grande foi
materializada em uma mesa de bar, debatendo e expondo necessidades de se
ter um veículo forte de informação que não esteja ligado a nenhuma
corporação, e que, dentro disso, possa ter a liberdade para abordar
temas que não são sequer mencionados na mídia tradicional.
Sejam bem vindos! Aproveitem o nosso espaço, leiam, curtam e compartilhem nossos materiais.
Texto publicado no site tucotuco em 13/09/2013
[1]
Tecnicamente um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões.
Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de
gráficos, sequências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos
ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente,
como em uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria estende suas
conexões em estrela de moda reticular. Navegar em um hipertexto
significa portanto desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão
complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma
rede interna.
Funcionalmente, um hipertexto é um tipo de programa para a organização de conhecimento ou dados, a aquisição de informações e a comunicação. (LÉVY, Pierre, 1993, p. 33).
Funcionalmente, um hipertexto é um tipo de programa para a organização de conhecimento ou dados, a aquisição de informações e a comunicação. (LÉVY, Pierre, 1993, p. 33).
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