quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O viralatismo papareia

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A síndrome do vira-lata nunca vai deixar de habitar o espírito papareia.

Sabe por quê? Porque até hoje, sempre o que se teve de melhor por aqui foi o osso que sobrou do almoço, atirado num canto em cima de um papelão, para um famigerado cão que se contentava em sentir o gosto da carne apenas lambendo o que ainda havia colado no osso.
Então, você acha legal pegar o seu carro, rodar 60 km, pagar pedágio e ir até a cidade vizinha, conhecer o Shopping Pelotas.

Então, você passa a tarde inteira dentro do palácio do consumo, se empolga com o tamanho das lojas, com as facilidades de compra, promoções e acaba se esbaldando nas “comprinhas”.
Aí então, depois de passar uma tarde inteira lá dentro, bate aquela fome e tu sentas na praça de alimentação pra fazer aquela "boquinha". Paga algo em torno de 20 reais por um refrigerante e um salgado e sai de lá ainda com muita fome.

No final do dia, no caminho de volta, tu vens refletindo sobre o quanto foi legal o passeio, o quanto um shopping pode ser um espaço de “passatempo” e até mesmo de sociabilidades. Percebes que gastasse alguma coisa e que este valor poderia quem sabe ser investido em outras coisas do mesmo gênero.

Mas e daí? Não valeu a pena?
Claro que valeu, pois foi um passeio diferente, com lojas que você não conhecia, dentro de uma infraestrutura bonita, limpa e segura.

Os shoppings proporcionam essa sensação de impacto nos seus frequentadores, pois, são justamente um dos maiores símbolos de representação do sistema consumista em que estamos inseridos. Logo, tudo neles deve ser grande, causando o êxtase instantâneo, levando os passeantes às compras.
A lógica por mais excludente que seja, é essa. Ninguém ali dentro está se importando se você terá a grana pra pagar a fatura do cartão no final do mês, o que realmente importa é aliar o prazer instantâneo da compra com a sensação de bem estar do ambiente, combinação poderosa. Sendo assim, tudo ali dentro tem um valor.

Os banheiros limpos, o chão brilhoso, a segurança do local, os atendentes da loja, o estacionamento do seu carro. Tudo ali tem um preço, as pessoas que ali estão trabalhando no domingo e no feriado, enquanto tu passeias com a tua família, são pagas por isso, você sabia disso?

Portanto, está na hora de apreendemos um pouquinho a viver nesse mundo real, criado por nós mesmos. Você aí no seu lugar se diz neoliberal, adora mandar todos os petistas pra Cuba, mas, na internet é o primeiro a reclamar dos preços "absurdos", do estacionamento e dos produtos da praça de alimentação do Shopping Center.

Uma grande parcela da cidade de Rio Grande reclama da falta de “coisas para fazer”. Outra parcela reclama dos altos preços cobrados, outra reclama da fila do supermercado, outra reclama dos congestionamentos, outros reclamam do tédio e todos juntos reclamam de tudo, simplesmente porque é bom reclamar. Reclamar é um hobby dos seres humanos mal resolvidos.

Eta povo difícil esse!

Texto publicado no site tucotuco em: 11/05/2014

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